Ministro pede “casamento” entre qualidade e eficiência


Ministro da Saúde inaugurou nova Unidade de Desabituação do IDT em Coimbra pedindo «qualidade e eficiência». A funcionar há quatro meses, a infra-estrutura está já ocupada em 90% e em «velocidade cruzeiro». O ministro da Saúde apelou ontem para que a nova Unidade de Desabituação do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), instalada no pavilhão 12 do Hospital de Sobral Cid, em Coimbra, faça «o casamento entre a qualidade e eficiência», sendo preciso, para isso, que esteja «permanentemente sujeita ao escrutínio dos utilizadores, de funcionários e da comunidade científica».Falando antes da inauguração das novas instalações, no interior de «uma tenda de casamento», Correia de Campos aproveitou para fazer a analogia e recordar que a nova Unidade de Desabituação – com 12 camas, capacidade para 600 utentes por ano, 23 funcionários em “full-time” e um investimento de dois milhões de euros – «representa um sacrifício não muito facilmente repetível» e que, portanto, «será necessário critério e qualidade».Já antes do discurso, falando com os jornalistas, o ministro havia considerado que as unidades apoiadas pelo sector público fazem parte do «modelo de organização» do Governo e, por isso, «têm de ser unidades de elite, de qualidade, exemplares».Correia de Campos mostrou--se especialmente satisfeito por a nova unidade «desenvolver processos de investigação» e por ter a preocupação de trabalhar «para além dos 600 doentes que aqui se instalam em cada ano». «Têm de ficar registos, memórias, variações de tratamento, terapêuticas», afirmou, elogiando a oportunidade de instalar um serviço no género num campus hospitalar com as características do Sobral Cid.A qualidade exigida pelo ministro está, à partida, assegurada. Até porque houve a preocupação de iniciar um processo de certificação de qualidade que, revelou ontem João Curto, arrancou em Maio último e que pretende «valorizar o trabalho» que vem sendo desenvolvido pela equipa e, especialmente, «trazer benefícios para as pessoas que sofrem com o consumo de substâncias aditivas».É preciso não esquecer, como sublinhou o director da Unidade de Desabituação, que aquele serviço funcionou 17 anos, provisória e precariamente numa «cave» do Centro de Atendimento a Toxicodependentes do IDT, em Celas, e que a transferência para instalações do Hospital de Sobral Cid já trouxe muitas mais valias em termos de tratamento de doentes, nem que seja apenas por ter contribuído para «diminuição do estigma e a discriminação que ainda existe sobre os doentes».Carlos Ramalheira, delegado regional do IDT, deixou claro que «os toxicodependentes são doentes com dignidade similar a quaisquer outros e devem ser tratados no âmbito do Serviço Nacional de Saúde».Declarações corroboradas por João Goulão, presidente do Conselho Directivo do IDT, que recordou que os doentes tratados naquela Unidade de Desabituação «não são de segunda». «Estamos a tratar de cidadãos em plena posse dos seus direitos e merecedores de serviços de saúde de qualidade», sublinhou.Neste momento, e desde Fevereiro, estão já 11 doentes instalados experimentalmente na nova unidade. Aliás, Carlos Ramalheira garante que, apesar de apenas ontem terem sido inauguradas, as novas instalações estão já «há um mês ou mês e meio em velocidade cruzeiro», ou seja, com uma ocupação de 90% e, mais importante ainda, com uma resposta de qualidade a todos os utentes que procuram aquele serviço.
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Autora: Ana Margalho - Fonte: http://www.diariocoimbra.pt/15995.htm